
Ao longo dos últimos anos, o papel da Farmácia Comunitária, tradicionalmente vista como um local de dispensa de medicamentos, tem vindo a alterar-se, assumindo uma importância crescente no panorama da saúde pública. A sua capilaridade, a relação de confiança e proximidade com os utentes e o crescente nível de especialização dos Farmacêuticos posicionam as Farmácias como um elemento-chave na promoção da saúde e na prevenção e deteção precoce de doenças.
No nosso país, o balcão da Farmácia é, muitas das vezes, o primeiro ponto de contacto dos cidadãos com o sistema de saúde, especialmente em zonas onde os cuidados primários de saúde são limitados. Se a isto adicionarmos a relação de confiança Farmacêutico-Utente, fica fácil de perceber a relevância do alargamento da intervenção dos Farmacêuticos ao rastreio de doenças.
O papel fundamental das Farmácias na entrega e recolha de kits de deteção de sangue oculto nas fezes para o despiste precoce de cancro colorretal (que mata 11 pessoas por dia só em Portugal), a realização de testes para a deteção precoce da infeção por H. Pylori (um fator de risco reconhecido para o cancro gástrico) ou a disponibilização de testes rápidos para deteção do vírus VIH/sida e das hepatites B e C, são alguns dos exemplos da pertinência da atuação dos Farmacêuticos como aliados no despiste de doenças, permitindo aliviar outros níveis de cuidados para situações mais complexas e urgentes.
➡️ O impacto é claro: a integração das Farmácias na rede de rastreios nacional não só melhora a equidade no acesso aos cuidados de saúde, contribuindo para reduzir as consequências das assimetrias regionais que ainda persistem no país, como é essencial para permitir aos doentes tratamentos atempados e mais eficazes, garantindo ainda a redução de custos para o Serviço Nacional de Saúde, associados a intervenções em estadios mais avançados.
O papel do Farmacêutico Comunitário na deteção e prevenção de doenças:
Os Farmacêuticos devem estar claramente na linha da frente desta missão. A sua intervenção vai muito para além da dispensa de medicamentos, envolvendo-se em ações de educação para a saúde, acompanhamento de utentes e, claro, na utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica (como testes point-of-care para rastreio de infeções, de acordo com o Decreto Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro, atualizada pela Portaria n.º 97/2018, de 9 de abril), entre tantas outras funções. A formação técnica e científica dos Farmacêuticos, aliada à sua relação de proximidade com as comunidades, torna-os agentes fundamentais no aconselhamento personalizado sobre os fatores de risco, na sensibilização para a prevenção de doenças, na deteção precoce de doenças e no encaminhamento de doentes para outros cuidados de saúde.
E o futuro? 🤔
O alargamento da intervenção das Farmácias ao rastreio de doenças representa um avanço incrível, porém não deixa de ser um processo contínuo, que exige trabalho e empenho por parte dos Farmacêuticos e daqueles que os representam.
Num país onde ainda existem limitações no acesso aos cuidados primários, as Farmácias não podem ser apenas uma porta de entrada para o sistema de saúde, mas sim um aliado fundamental na transformação da saúde pública!
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